NOS REPENSAR É PRECISO

Por Dartagnan da Silva Zanela


E eis que num estalar de dedos, o brasileiro médio, que até então estava com os olhos brilhandinho, vê-se todo macambúzio, tristonho, acabrunhado, diante da tragédia melancólica que está sendo desenhada diante de nossas vistas.

É natural que seja assim, tendo em vista que não adianta estar diante do gol se não se sabe o que fazer com a bola e, principalmente, sem saber qual seria a finalidade desse ato na lógica do jogo que está em disputa.

Isso mesmo! Se não sabemos a finalidade do que está sendo feito – por nós e pelos demais – não temos como determinar o rumo dos fatos de nossa vida, nem os acontecimentos que regem o destino de toda a nação.

Podemos dizer que o teatro dos fenômenos sociais é similar a uma pegadinha sem graça. Ou seja: comandará o curso dos acontecimentos quem souber qual é a lógica que encontra-se inerente aos trotes e tretas da vida real.

Se ninguém compreende o rolo, a treta segue até se esvair por si ou, continua seu rumo cego até que alguém imprima um sentido a ela, fazendo-a singrar na direção que esse alguém deseja ir.

Nesse caso, e tendo em vista os comentários e manifestações em torno dos fatos recentes, a treta trucada segue sem um rumo claro, desgastando-se ao mesmo tempo em que nos desgastamos tentando, cada um ao seu modo, justificar pra si mesmo, e para os outros, a sua posição frente a encrenca federal em que o país se encontra.

Enfim, eis que a sociedade brasileira, mais uma vez e, agora, com maior profundidade e frustração, após ultrapassar a linha amarela da história, se vê melancólica e aturdida por não saber pra onde deseja ir, por não compreender claramente onde nos encontramos e, principalmente, por não conhecer com relativa clareza o caminho que percorremos para termos chegado onde chegamos. Para termos chegado na merda em que nos encontramos.

E, assim o é, porque dificilmente temos a coragem necessária de reconhecermos para nós mesmos que estamos perdidos, que somos facilmente feitos de bobo e, principalmente, que somos frequentemente feitos de trouxas por nós mesmos.

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