A IDIOTIA NUNCA É ORIGINAL

Por Dartagnan da Silva Zanela


[1] Bem provavelmente, a forma mais eficaz que há de nos tornarmos um perfeito idiota, seja aquela onde tentamos agir com o objetivo de ser a coisinha mais original da face da terra. O mais fofo dos fofos.

Creio que não existe nada mais patético que isso. Quer dizer: deve de haver coisas piores, bem piores, mas, bem provavelmente, essas coisinhas também devem começar por uma impensada e inconsequente busca pela dita cuja da originalidade, o medalhão primeiro da idiotia moderna que tanto ama a superficialidade coroada pela tecnologia vazia de conhecimento e verdade.

[2] Quem anseia pela tal da originalidade não sabe o que significa viver uma vida com um mínimo de autenticidade.

[3] No fundo - e veja que não é num fundo tão profundo assim - todos nós somos a imitação de alguma coisa; em alguns casos, somos uma vã tentativa de mimetização de várias coisas ao mesmo tempo. Por isso senhor cabeçudo, preste bem atenção e procure estar mui cônscio daquilo que você está tentando imitar em sua ânsia por tornar-se diferente de tudo e de todos para não acabar reduzindo-se a condição de uma imitação fajuta duma tranqueira maliciosa qualquer porque, goste-se ou não disso, é bem assim, desse jeitinho, que os idiotas fazem suas magistrais carreiras nesse patético mundão.

[4] Existem muitas atitudes que são a mais pura picaretagem, e o são do princípio ao fim. Porém nada é mais malicioso do que querer parecer algo, ou alguém, original, sem necessariamente o ser. Digo isso não por maldade, mas sim, por mera constatação duma obviedade ululante. Todo caipora que diz ser uma inteligência original, em regra, apenas apresenta aos demais uma macaqueação de algo que todos igualmente fazem; crendo, tal qual seus semelhantes, que sua imitação superficial e fajuta de humano moderno e crítico, seria um trem só seu, todinho seu e de mais ninguém. Nada, definitivamente nada, é mais artificioso e forçado do que esse tipo de simulacro de inteligência. Nada mesmo.

[5] Existem inúmeros chavões que, quando os ouço, me causa sete tipos diferentes de medo. Um deles é aquele clichê que reza que o professor deveria ser apenas uma espécie de “mediador”. Toda vez que ouço ou leio isso, tenho a claríssima impressão de que o caipora que defende esse tipo de merda não sabe, exatamente, do que está falando, de modo similar ao diabedo que, o tempo todo, fala na suposta necessidade de se “romper paradigmas” ou na hipotética urgência de uma tal “ampliação da democracia”. Sinceramente, diante de bobagens dessa monta, dá vontade de chamar o Simão Bacamarte e implorar para que ele interne todo mundo. Todos mesmo. Inclusive o carniça que escrevinhou essas linhas.

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