DIÁLOGOS NADA SOCRÁTICOS – parte III
Por Dartagnan da Silva Zanela
- Sejamos
sinceros Darta: a filosofia não tem serventia nenhuma, não é mesmo? É uma
tremenda inutilidade.
- Isso
mesmo! Ela não tem serventia alguma, principalmente para um sujeito que não é
capaz de conceber que existem coisas muitíssimo mais importantes que a tela do
seu celular. Coisinhas essas que mereceriam um cadinho de sua atenção.
- Como
assim? Não entendi sua descabida deselegância.
- Imaginei
que não. Então sejamos claríssimos: para alguém que não é capaz de entender que
o mundo é muitíssimo mais complexo que suas preocupações e desejos umbilicais,
a filosofia será sempre um incômodo, porque ela lhe fará o favor de deixar
evidente o quão patética é sua vida fútil com suas preocupações mesquinhas.
- Desculpe,
mas eu não entendi ainda. Ademais, não estou compreendendo a razão da sua
grosseria.
- Sei disso,
como também sei que você não quer entender nada que exija um mínimo de esforço
intelectual de sua pessoa, nada que ouse contrariar a pequenez de seus desejos.
- Como
assim?
- Quer
saber: vá cagar e ao fazer isso lembre-se que, no fundo, a essência de sua vida
pode ser simular ao que está saindo do âmago de suas vísceras. Tudo depende do
que você coloca no centro de suas preocupações existenciais.
- Mas...
- Cara, siga
vivendo sua vidinha de merda, sem crise. Você não deve explicações para um Zé
ninguém como eu. Só não espere ser algo melhor que um bosta. Reflita sobre isso,
se quiser. Melhor! Não reflita. Passar bem.
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