A DOIDEIRA NOSSA DE CADA DIA


Por Dartagnan da Silva Zanela



[1] Nietzsche, no século XIX proclamou a morte de Deus. Ele não foi o primeiro a fazer isso, mas foi, provavelmente, foi o cabra que o fez de modo mais contundente.

O que, talvez, ele não imaginava, é que com tal declaração ele iria escancarar as portas para a total e irrevogável mutilação de tudo aquilo que nos faz humanos. O que, talvez, ele não imaginava é que com a morte de Deus nós teríamos, como estamos tendo nos dias atuais, a extinção do humano.

Sim, sei que Deus não morre, mas nós, na decrepitude de nossa ufanada modernidade, estamos conseguindo apagar a luz do Altíssimo que alumia nossa alma e que habita nosso coração. E estamos fazendo isso dum modo tal que nem mesmo as bestas mais ignóbeis seriam capazes de fazer. Nem elas. Mas nós estamos sendo.

[2] Tudo o que colocamos no centro de nossas preocupações acaba, ao seu modo, sendo o fim último de nossas ações ou, se preferirmos, acaba se tornando o nosso “deus” particular.

Sim, sei que isso é uma obviedade. Todos nós sabemos disso. O que, talvez, não se faz tão evidente aos olhos de muitos, é o que cada um de nós acaba colocando no centro de sua vida.

É cada divindade que só por Deus. E, assim o é, porque raramente paramos pra pensar sobre o assunto.

Com relação ao que os outros deificam, sim, somos muitíssimo atentos. Como somos. Agora, como relação a nossa mediocridade fundamental, Deus nos livre e guarde! Jamais. Fechamos os olhos e, cambaleante, seguimos em frente sem querer saber para onde estamos indo.

E, assim procedemos, porque a verdade sobre nós pode ser dura por demais da conta e, bem provavelmente, não suportaríamos olhar para a nossa verdadeira face.

[3] A vida alheia, como espetáculo que alimenta nossa vã curiosidade, com suas misérias e futilidades, é sempre mais interessante que as nossas futilidades miseráveis.

A baixeza dos outros sempre nos impressiona; quanto a nossa, estamos tão familiarizados com ela que nem mais a reconhecemos enquanto tal tão rasteira é, muitas vezes, o nosso peregrinar por essa vida.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

INSENSÍVEL! FASCISTA! TAXIDERMISTA!