DIACHOS DA VIDA MODERNOSA



Por Dartagnan da Silva Zanela


[1] Estava a reler o ensaio “O demônio da distração”, de Wolfgang Smith, onde o mesmo nos adverte sobre a distração crônica que, segundo suas palavras, seria uma das maiores ameaças de nossa época.

Bem, relendo-o, resolvi fazer um cálculo. Se somos daqueles que entregam cinco horas de cada um de nossos dias aos deleites das mídias eletrônicas (computadores, televisões e celulares), no correr dum ano teremos desperdiçado 76 dias na frente dos ditos cujos com distrações estupidamente vazias. No correr de cinquenta anos teremos perdido 3800 dias de nossa existência com futilidades, o que equivale a, aproximadamente, dez anos e meio na frente dessas luminosas e excrementícias telinhas.

Detalhe: assim o é se nós ficamos apenas e tão somente cinco horas por dia na frente dessas tranqueiras e, é claro, que não ficamos nem cinco horas por dia, embasbacados, na frente desses trens, não é mesmo? Pois é. Foi o que eu pensei.

[2] Quando nossos desejos, pequenos e mesquinhos, passam a ser tidos como fonte inalienável de direitos, o que estamos tendo de nossas vistas, não é a propalada ampliação da democracia. Muito pelo contrario. O que estamos tendo diante dos nossos olhos é a abertura escancarada para a mais vil e impessoal tirania.

[3] Quando uma massa, politicamente desorientada, mas organizada, passa a crer que a realização e a satisfação dos seus desejos seria a coisa mais importante da realidade, quando essa mesma massa ignara imagina que isso seria o suprassumo da tal da cidadania, é porque esses infelizes, sinceramente, acreditam que democracia, pra ser democracia, deveria ser tão só e simplesmente a mais abjeta e infantil tirania [liderada por eles, é claro] que tomaria como princípio fundador as cracas mentais dos seus pétreos umbigos em misto com a imposição dum silêncio nada obsequioso à qualquer um que destoe de sua megalomania.

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