SAÍDA DE LEÃO, CHEGADA DE CÃO



Por Dartagnan da Silva Zanela



Reconhece-se a autoridade de algo, ou de alguém, quando as pessoas espontaneamente são capazes de demonstrar algum sinal, por mais modesto que seja, de reverência por esse alguém, ou por esse algo.

Por exemplo, quando um juiz adentra todos se colocam em pé; quando um sacerdote entra na Igreja, também, todos se colocam de pé; agora, quando um professor entra numa sala de aula, em muitos casos, muitíssimos, ele não consegue nem mesmo fazer a chamada com um mínimo de solenidade e, noutros, ele tem que lembrar à plateia que ele é alguém, porque ninguém, praticamente ninguém silencia com a sua presença, conforme certa feita, uma professora havia desabafado melancolicamente para esse caipira que agora escrevinha.

Esses gestos simples, que todos nós espontaneamente realizamos, nos dão uma clara amostragem do que significa a presença ou a derrocada do sentido duma autoridade.

E, muito disso se deve, a essas pedagogias populistas inspiradas direta e indiretamente na obra de Paulo Freire e companhia limitada.

É ué! Quando você diz para si mesmo que não é mais um professor, mas tão só e simplesmente um reles “facilitador”, um “mediador, ou qualquer coisa que valha, o indivíduo está dizendo para si mesmo e para todos que ele não mais existe enquanto portador da autoridade professoral e, naturalmente, todos acabam copiando muitíssimo bem a mensagem e entendendo que ela foi esvaziada de seu áureo significado.

Se hoje a autoridade professoral encontra-se em declínio, muito disso se deve a ideias que foram propostas por ideólogos fantasiados de professores e que foram, ao seu modo, alegremente acatadas por professores infectados por ideologias mil, que se permitiram ser reduzidos a condição dum mediador, dum não-professor.

Por isso, se algum de nós deseja, sinceramente, restaurar a autoridade professoral, é imprescindível que sejam revisados todos os pressupostos teóricos que fundamentam a tragédia educacional brasileira para, de certa forma, esconjurar o sistema educacional e, principalmente, exorcizar-nos dessas tranqueiras sulfurosas.

Enquanto isso não for feito, não teremos como restaurar o respeito devido aos mestres que foi, propositadamente, destruído por esses mesmos fundamentos que, de certo modo, são incensados por boa parte do desavisado professorado.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

INSENSÍVEL! FASCISTA! TAXIDERMISTA!