TOMA MARACUGINA QUE PASSA
Por
Dartagnan da Silva Zanela
Não sei nem o que
dizer. Então por que escrever? Por teimosia? Sim, bem provavelmente. Por
vaidade? Também. Não tenho dúvidas quanto a isso. Mas não apenas por esses dois
motivos. Escrevo porque gosto. Gosto por demais.
Sim, verdade seja
dita: gosto, mas não sei fazer direitinho o que faço. Entretanto, me esmero pra
fazer da maneira mais zelosa possível por respeito às palavras, por apreço aos
leitores e por amor a ambos que, de certa forma, me acompanham nessa minha
peregrinação solitária à procura pelo conhecimento da verdade em meio aos
excrementos da realidade.
Em se falando
nisso, na tal da verdade, confesso uma coisa: meu Deus, meu Deus, como gente
crítica é um porre quando lê alguma coisa que destoa daquilo que elas estão
acostumadas a “pensar”. Sim, sei que esse tipo de gente [crítica] é um porre
por [mau] costume, porém, quando leem algo que foge aos cinquenta tons
excrementícios de sua fossa mental, não há epocler que dê conta. O trem fica
feio pra caramba mesmo.
E a razão disso é
muito simples, bem simples mesmo: é que esse tipo de alma decadente, imagina,
candidamente, que repetir os mesmos cacoetes mentais que aprendeu a mecanicamente
na sua graduação ideologicamente (des)orientada seria uma suposta expressão de
excelsa atividade intelectual. E se o infeliz for para além dessa deformação
diplomada - com a mesma desorientação - meu amigo, ninguém segura esse tigrão
engajado com sua sarnice.
Parêntese. E vejam
como a coisa é engraçada. Quer dizer: na verdade é triste, mas como a gente é
sem vergonha, partimos a nossa pança de tanto rir desses tongos com suas
tonguices. Fecha parêntese.
Vejamos: eles
vivem se gambando que são defensores da pluralidade de ideias; não param, um
segundo sequer, de dizer que devemos ouvir todas as versões dos fatos; porém,
eles são os primeiríssimos a ignorar as tais várias versões sobre qualquer
coisa e não fazem a menor cerimônia para censurar, calar e difamar qualquer um
que destoe de seu transe hipnótico e, como todos já devem ter percebido, gente
desse naipe acha tudo isso uma lindeza democrática - desde que sejam eles os
autores da feiura. É claro. Mas, não se esqueça que eles fazem tudo isso em
nome do bem, do tal “mundo melhor possível”. É sempre importante lembrarmos
disso.
Ora, vocês já viram
um marxista ler e comentar um livro de um crítico da tradição marxista? E não
venha com essa conversa fiada de que isso não existe que eu, que sou caipira,
conheço uns pares, de grande e pequeno calibre. Detalhe: não só existem como
não são nem um pouco fracos.
E por que não
conhecem? Se são pessoas tão
esclarecidas - como roga a lenda - que gostam tanto de conhecer perspectivas
diferentes sobre a realidade, porque não procuram conhecer o que diz aqueles
que contradizem as suas ideias? Porque, na real, tais alminhas capacitaram-se,
até o momento, a apenas pensar por meio dum punhadinho restrito de ideias.
Ideias essas que, diga-se de passagem, elas não conhecem tão bem quando afirmam
conhecer, mas que, nutrem um profundo afeto por elas.
Talvez, por isso,
ficam tão irritadinhas quando essas ideias são questionadas. Bem provavelmente,
também, seja por isso que essas alminhas ficam doidas quando os símbolos que as
representam são confrontados com algo. Nossa! Como ficam doidas.
E ficam assim
porque não conseguem pensar um problema através duma perspectiva que não seja a
sua amada e idolatrada ideologia. Como muitas delas dizem para si na frente do
espelho: “tenho medo de sofrer influências”. Sem perceber, elas acabam, com sua
tal criticidade, agindo de modo similar a uma criança assustada que não gosta
de ouvir historinhas de visagem por temer vê-las durante a noite no seu quarto.
Buh!
Sim, eu sei que
isso é ridículo, mas é isso que temos pra o menu do dia. E é o que teremos por
muito tempo, ao que tudo indica.
Digo isso porque
sou caipira e, como tal, não sou nem um pouco otimista.
Mas porque escrevo
sobre isso. Por vaidade? Provavelmente. Por teimosia? Talvez. Francamente
escrevo por tentar, com grande sinceridade, descrever a desgraça descomunal que
tomou conta de nosso país, onde pessoas, que no fundo são boas, portam-se de
maneira histérica, sendo incapazes de reconhecer e aceitar as mais patentes
obviedades, simplesmente porque tais realidades não cabem dentro da caixinha de
veludo das suas crendices ideológicas. Crendices essas que, ao seu modo, dão
algum sentido a sua monótona vida pós-moderninha.
Não é à toa que
essas pobres almas ficam tão irritadas, espumando de raivinha, quando alguém
balança os alicerces do seu castelo de cartas marcadas. Não é à toa que não há
Cristo que as convença das mais evidentes verdades. Elas não querem sair do
conforto de sua alcova, de sua caverna ideológica/existencial. De jeito
maneira.
Enfim, em não
podendo fazer nada para convencê-las a abrir os olhos, rezemos e peçamos a Deus
que as toque, já que não fomos e não somos competentes o bastante para fazer
isso.
Fim de causo.
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