SÓ A ELEIÇÃO NÃO É SOLUÇÃO

Por Maurício Marques Canto Jr. (*)


Vencer essas eleições significará encontrar um pequeno cilindro de oxigênio dentro de um submarino encalhado no fundo do oceano.

Mesmo num resultado lindo de 60% dos votos válidos no primeiro turno, ainda teremos mais da metade da população apoiando, por omissão, burrice ou maldade, o estamento burocrático atual, cujo querido Palocci tascou mais um preguinho no caixão e, mesmo assim, ainda tem gente que não se tocou. (votos válidos, antes que a crítica seja prova de analfabetismo estatístico).

Eles possuem o domínio da mídia e a hegemonia das universidades e escolas, diuturnamente transformando o nosso futuro numa corja de zumbis que odeiam os próprios irmãos e se submetem docilmente aos desmandos dos poderosos.

As conexões e deveres pessoais de obediência, a lavagem cerebral, a ignorância e a covardia estrito senso... Em suma: os fatores reais de poder tiram sarro daqueles que acreditam em instituições e seus representantes.

Nessa provável vitória eleitoral do Bolsonaro, mal teremos iniciado a luta contra os verdadeiros inimigos do país, piratas da nossa nação.

Se antes ainda restava um restinho de escrúpulos neles, agora não terão mais nada a perder.

Haverá infiltrados no governo causando o terror e a corrupção, semeando discórdia e sendo apenas o que conseguem ser. A verdadeira maldade que não pode ser medida por números apenas perderá totalmente a vergonha de provocar o mal.

Vão tripudiar ainda mais da polícia, arregimentar ainda mais os alunos, reforçar ainda mais o aparelhamento do Estado, perverter ainda mais a realidade.

Mãe Diná futebol clube: vai piorar antes de melhorar e prevenir-se é dever moral.

Gritar, fingir, caluniar, chantagear, intimidar: o jogo é claro, faz tempo.

Querer acreditar que perderão com dignidade, largando o que está sendo construído (até onde eu ainda consegui chegar) desde o quattrocento renascentista (obviamente, vem de muito antes), é muita ingenuidade, é ser um anão intelectual diante de questões gigantescas.

Ain.. que exagero..

Tentam destruir o próprio vice que elegeram, debitando na conta de um ex-aliado todas as atrocidades que cometeram enquanto controlavam o governo.

Conseguiram milhares de zumbis (saiu meio pela culatra, mas foi um tiro) para berrar a certeza de que um cara que elogiou no congresso o saudoso Clodovil é, na verdade, um homofóbico.

E se você expor as tolices, você também é monstro.

Obviamente, não quero ficar azedando o angu nem tripudiar contra a vitória, mas lembrar que cadeira, cargo, título e política são, no limite, meras consequências do verdadeiro poder que muitas vezes nem apresentam um rosto conhecido, mas determinam o que é permitido, proibido e obrigatório, inclusive em pensamentos.

Essa vitória será o final da primeira fase do joguinho, isso se for no primeiro turno.

No segundo, é praticamente repescagem, mostrando em que lugar está a consciência dos habitantes deste país.

Vem muito mais por aí.

Si vis pacem, para bellum.

(*) Advogado, Mestre em Direito, tradutor e professor do Burke Instituto.

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