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NOTAS, NOTINHAS E BORRÕES

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Por Dartagnan da Silva Zanela [1] Cobrar fidelidade partidária das figurinhas públicas em nosso triste país é similar a imagem de prostitutas exigindo dedicação exclusiva, com juras de amor eterno, de seus fregueses. [2] Quando mais o caipora incensa a si mesmo, mais fétida é a latrina de sua vida. [3] Sujeitar-se a posição dum capacho, por necessidade, é vergonhoso, mas compreensível em muitíssimos casos; agora, colocar-se graciosamente nessa posição, de puxa-saco de primeira grandeza, somente pra chamar a atenção de seu amo e senhor é, definitivamente, o suprassumo da humilhação. O fim da rosca. [4] Infelizmente, as lições mais simples da vida - que, por sua deixa, acabam sendo as mais importantes - são justamente aquelas que nós mais dificilmente aprendemos, por pura tonguice. Uma delas, que considero imprescindível, é aquela que nos ensina que a diferença fundamental que há entre um sábio e um idiota é que o primeiro teme ser um tonto, enquanto o idiota p

O URGENTE E INDISPENSÁVEL SILÊNCIO

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Por Dartagnan da Silva Zanela [1] Tudo passa. Passa mesmo. As únicas coisas que ficam, permanecendo as mesmas até os dias de hoje, são a baixaria, a sem-vergonhice e a picaretagem. [2] Reconheço, com tranquilidade e alegria, os benefícios que as novas tecnologias nos trazem. Benefícios esses que, de fato, não são poucos. Entretanto, não sou besta de ficar incensando essas bostas eletrônicas como se fossem a salvação da lavoura. Francamente, só um acéfalo de mentalidade excrementícia é incapaz de perceber o imenso potencial de imbecilização que essas tranqueiras tem. Potencial esse que é muitíssimo bem empregado na realização desse degradante projeto. Por essas e outras que, quando vejo uma pessoa perambulando pelas ruas, ou subindo uma escadaria, ou numa situação similar a essas, sem tirar o zóio de seu aparelho celular, tenho claro para mim que parte significativa da humanidade está optando servilmente pela extinção de sua dignidade maior. Quando vejo cenas como ess

A IDIOTIA NUNCA É ORIGINAL

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Por Dartagnan da Silva Zanela [1] Bem provavelmente, a forma mais eficaz que há de nos tornarmos um perfeito idiota, seja aquela onde tentamos agir com o objetivo de ser a coisinha mais original da face da terra. O mais fofo dos fofos. Creio que não existe nada mais patético que isso. Quer dizer: deve de haver coisas piores, bem piores, mas, bem provavelmente, essas coisinhas também devem começar por uma impensada e inconsequente busca pela dita cuja da originalidade, o medalhão primeiro da idiotia moderna que tanto ama a superficialidade coroada pela tecnologia vazia de conhecimento e verdade. [2] Quem anseia pela tal da originalidade não sabe o que significa viver uma vida com um mínimo de autenticidade. [3] No fundo - e veja que não é num fundo tão profundo assim - todos nós somos a imitação de alguma coisa; em alguns casos, somos uma vã tentativa de mimetização de várias coisas ao mesmo tempo. Por isso senhor cabeçudo, preste bem atenção e procure estar mui c

CUNHA, Ana Carolina. A LUTA PELA JUSTIÇA: uma análise fenomenológica das histórias em quadrinhos do Batman [pdf]

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Dissertacao_Ana_Cunha - A Luta pela Justiça pelo Batman by Diego Nunes on Scribd

COM TEMOR E TREMOR

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Por Dartagnan da Silva Zanela [1] Certa vez, Nelson Rodrigues, quando foi perguntado sobre qual conselho daria aos jovens, disse, laconicamente: “jovens! Envelheçam”. Ao que parece, boa parte da galerinha entendeu: jovens! Envileçam. Pois é. Aí deu no que deu. [2] O ignorante, presunçoso e revoltado, sempre é um carniça que idealiza o seu rancor estupidificante, pintando-o duma forma tal que sua baixeza nada original possa ser apresentada, para si e para ou outros, como se fosse uma espécie de virtude incompreendida. [3] O perigo mora onde o rancor e o ódio passam a ser organizados e justificados por uma ideologia. Quando isso ocorre, o rancor e o ódio travestem-se de vitimismo para poder, fantasiado assim, exercer de maneira desmedida e histérica todo e qualquer ato violento e de vingança, como se esses fossem a manifestação da encarnação da mais excelsa justiça. [4] Creia em Deus com temor e tremor; e descreia das potestades estatais e das multidões com o mes

RENOVAR TODAS AS COISAS

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Por Dartagnan da Silva Zanela [1] A plenitude do sentido de nossa peregrinação nesse vale de lágrimas encontra-se no silêncio que impera na sexta-feira santa. Silêncio esse que nós passamos o ano todo tentando evitar. E essa é a merda toda. [2] Se São Pedro, que foi instruído pelo próprio Verbo divino encarnado, negou-O três vezes, imagina o que nós, que somos existencialmente uns bostas somos capazes de fazer. [3] Todo aquele que não sabe viver, necessariamente não sabe morrer. Todo aquele que não medita devidamente sobre a sua morte, nunca, nunca pensou seriamente sobre o sentido de sua porca vida. [4] A sentença mais importante de toda a história da humanidade é essa: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Entendê-la, de fato, é a única coisa que realmente importa. Todo o resto, com o perdão da palavra, é pó, vaidade e bosta. [5] É possível enfrentar o mal e combater nossos demônios com as notas tiradas duma guitarra; porém, não se consegue render o de

SUBIU PRA CABEÇA

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Por Dartagnan da Silva Zanela Regra número um para sermos feitos, a torto e a direto, de idiotas: imaginarmos que não podemos ser feitos de trouxas por pessoas que consideramos menos aquilatadas que nós. Por isso, entre outras coisas, somos uma nação formada majoritariamente por tontos que se consideram os bichos críticos da goiaba. Mas isso é o de menos. O que realmente tornou-se gritante entre nós é esse senso postiço de superioridade que muitos - cada qual ao seu modo - gostam de exibir diante dos furdunços que, de tempos em tempos, resolvem colocar tudo abaixo. Sobre esse tipo de impostura a cultura popular brasileira nos brinda com inúmeros gracejos. Gracejos esses que, por questões óbvias, não podem ser contados aqui nessas linhas porque todos eles, de um modo bem maroto e picante, nos retratam o ridículo cabal que impera entre nós. O ridículo de querermos contar vantagem quando estamos ferrado de verde e amarelo. Tal impostura – a de querer parecer supe